sábado, 30 de abril de 2011

Lagarto

Sempre. Inveterado, inflexível, convicto e sem cura. Excepto num pormenor: não sou adepto de seguir nem jogos, pontuações, golos marcados vs sofridos, blá, blá, blá.
Aliás, hoje foi a primeira vez que pus os pés no Alvalade XXI. Um dos espetáculos foi ranhoso e de meter dó: a partida em si (2-1 contra um Portimonense mediocre). Outro foi um deleite: a "Casa de Banho" é bem mais interessante observada na perspectiva interior. Lamento apenas que não tenha podido cumprir um compromisso de tempos idos. Porém, há tempos para tudo...
Talvez lá regresse daqui a uma década ou assim. Mas o Sporting (a ferros) lá ganhou. Por ora é que baste.




quarta-feira, 27 de abril de 2011

Rapaziada difícil

Então um tipo quando não está para se aborrecer com o por vir, também dito futuro, olha para dentro e, em sinal de quem finge estar pesadamente atarefado, encolhe placidamente os ombros.


"As pessoas achavam que ele era difícil por ser tão calado. Esse seu silêncio parecia incomodar as outras pessoas, bem como o facto de gostar de estar sozinho."

'O Sonhador', Ian McEwan

domingo, 24 de abril de 2011

Fácil de entender

- Porque insistes?
- Para continuar.


Avenue in Schloss Kammer Park, Gustav Klimt, 1912

"hold my head
we'll trampoline
finally through the roof
on to somewhere near
and far in time
velouria
her covering
travelling career
she can really move
oh velveteen!

my velouria, my velouria
even i'll adore you
my velouria

say to me
where have you been
finally through the roof
and how does lemur skin
reflect the sea?

we will wade in the shine of the ever
we will wade in the shine of the ever
we will wade in the tides of the summer
every summer
every summer
every
my velouria
my velouria

forevergreen
i know she's here
in California
i can see the tears
of shastasheen

my velouria, my velouria
even i'll adore your
my velouria
"

'Velouria', Pixies

sábado, 23 de abril de 2011

Lentes desfocadas

Foi assim. Um tornou à esquerda. O outro à direita. Os demais somaram em frente.




"Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime
Moi non plus
Oh mon amour
Comme la vague irrésolue
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens

Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime
Moi non plus
Oh mon amour
Tu es la vague, moi l'île nue
Tu vas, tu vas et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins

Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime
Moi non plus
Oh mon amour
Comme la vague irrésolue
Je vais, je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens

Tu vas, tu vas et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins

Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime
Moi non plus
Oh mon amour
L'amour physique est sans issue
Je vais je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Je me retiens
Non! maintenant viens..."

'Je t'aime... Moi non plus', Jane Birkin & Serge Gainsbourg

quarta-feira, 20 de abril de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Céu não é só para os homens

Sábado. Dia dezasseis. O amigo felpudo e meigo iniciou outra jornada. Partiu sem partir de verdade; guardamo-lo, com vincada vontade, no mais íntimo de nós. Não tive o privilégio de o conhecer tão bem quanto outros, outros esses indubitavelmente os mais queridos do seu coração. Porém, não exagero se disser que também eu firmei laços, que gostava de crer recíprocos, com esta criatura tão única. Guardo dele boas, muito boas, memórias e estas pertencer-me-ão até ao meu derradeiro suspiro. Estimado amigo felpudo, fizeste feliz boas almas que o mereceram, mesmo quando as tuas tropelias aconteciam graças ao teu carácter tantas vezes brincalhão. Levaste uma boa vida, creio que se mo pudesses contar o confirmarias, longa e boa vida. Eu talvez só tenha passado pela tua vida por uns três anos, aqui e ali, quando uma qualquer oportunidade nos conduzia ao encontro. Por vicissitudes da vida, que é assim mesmo, ter-te-ei visto e acariciado pela última vez quando corriam os primeiros tempos do ano de 2010; ou terá sido no último mês de 2009? Pouco importa. Bem se sabe que quantidade amiúde não é tudo. Aceno-te agora o adeus final, recordando como me observavas atento, língua para fora, com os teus belos tiques naturais que faziam ascender ou descer as tuas orelhas. Sempre os apreciei. Como gostavas de apreciar tudo o que te rodeava…
As mais fortes lembranças que para sempre terei de ti levam-nos ao Verão de 2008. Por essa altura estava a tentar terminar a redacção da minha tese, tese que me conduziria ao grau de mestre. Sei que sou descuidado com as horas, que sou pouco ortodoxo quando se trata de horários. Recordo-me sentado no sofá, decorriam as Olimpíadas em Pequim, digitando ao computador aquelas que seriam as palavras com que encerraria a tal tese – sendo que ainda tinha um considerável trabalho pela frente; as últimas são não invulgarmente as mais difíceis, talvez até as mais decisivas. De quando em quando, já a madrugada abraçava o nosso mundo, saía da casa para fumar um cigarro. Ia pé ante pé, não querendo importunar o teu sono. Mas tu, invariavelmente, e fosse como fosse que eu me comportasse, davas sempre por mim, adivinhavas a minha presença. Tal qual uma qualquer inevitabilidade. Raras eram as vezes que fazias barulho, como que se soubesses que a minha presença ali era algo contra a regra, infiltrada e não expectável. Ainda assim ouvia-te saíres do teu sono, começando a percorrer a calçada ao meu encontro. Eu acendia um cigarro. E outro. Via as estrelas e observava a Lua. Tentava desanuviar e aliviar o peso que sentia às costas. E tu, companheiro, vinhas célere mas calmo até mim. Olhavas-me e sentia que me reconhecias. Sempre. Sentavas-te então ao meu lado, quase sempre deixavas o teu corpo descair até que encontrasse as minhas pernas, comportamento que nos fazia sentirmo-nos mutuamente mimados, desejados, queridos, compinchas naquele então. Quando estavas mais cansado e o sono te moía o corpo esticavas-te deitado ao longo do chão, apoiando a queixado num dos meus sapatos. De uma forma ou de outra sentia invariavelmente o teu peso, como invariavelmente sentia que ali contigo jamais estaria sozinho – mesmo que eu buscasse a solidão; como eu te agradeço, mesmo que sem palavras para definir essa gratidão.
Desde o primeiro dia que te vi, Napoleão, ficou-me firme a sensação que tinha deixado em ti uma boa imagem e que tu, a par das pessoas que tão bem me aceitaram no seu íntimo refúgio, me asserias que eu tinha passado o teste e que podia partilhar de uma intimidade com a tua dona. Cheiraste-me, é claro, querias conhecer-me também pelo faro. Não me repudiaste com um ladrar invejoso ou cauteloso, coisas que são diferentes mas que poderiam, ambas, despertar os teus instintos. Foi com à vontade que pela primeira vez a minha mão poisou no teu pêlo. Se eu passei pelos teus testes deve ser dito, em abono da verdade, que ao conhecer-te apercebi-me, facto imediato, que me cativaras. Foi bom conhecer-te, Napoleão. Foi tão bom que me deixasses conquistar de forma tão breve a tua confiança e carinho que após o primeiro encontro sempre demonstraste por mim. Napoleão, não voltarei à despensa para recolher as tuas guloseimas e entregá-las às tuas ávidas mandíbulas. Estava escrito que não mais o faria, mesmo que a tua vida não tivesse sido abruptamente ceifada porque estava a chegar ao fim e ninguém poderia fazer nada que o impedisse. Adorava esses momentos, pulavas para mim adivinhando com a inevitabilidade habitual que carregava um biscoito para ti; por mais que o tentasse esconder tu sabias sempre, com os teus apurados sentidos.
Para mim foste uma estrelinha que me deixava feliz e de boa disposição. Para outros foste uma vida, mais não seja a tua – o que não é dizer pouco. Eras e sempre foste muito querido. Escutava como te falavam, não era difícil de compreender que tu, embora não humano, fosses parte integrante de uma família. Fui contaminado pela tua maneira de ser, o que me levou a adorar-te e a respeitar-te na tua condição de cão quase gente. Não há mais biscoitos. Não há mais brincadeiras de bola. Não voltarei a ver os teus saltos acrobáticos. Não te voltarei a ver a rebolar no chão, carregado de festas e mimos. Lamento que tudo isto não aconteça só porque já não me cabia mais a mim ver-te. Que tenha sido a morte a interromper o ciclo que te estava destinado.
Nós homens somos demasiado arrogantes, é algo visceral. Todos os crentes das grandes religiões inventam espaços para si no pós vida, esquecendo-se que não somos os únicos seres a soprar vida. Eu não sou desses. Nem sou crente. Todavia, se há Céu este será também para ti e para todos os outros que nascem, vivem, reproduzem-se e, quem sabe, amam e, que, por fim terminam padecendo do mal para além da existência que é a morte.
Até já, Napoleão. Lindo.



Lembrando-me de uma menina:

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Beijo

Hoje é o dia internacional de quê? Arre, assim haverá, breve, dias protocolados até para...
Já agora, pomposamente recupero Klimt:




Ainda se admiram com a crise...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Justificar o injustificável.

Não sei para que serves, o que mais hei-de escrever para, por aqui. Há muito que devias estar morto. Todavia ressuscitei-te. Escuso-me a justificações, mais por crer que nem eu as conheço bem, nem eu me sinto esclarecido.
É quase ímpio voltar a pintar de letras este cantinho. Silencio-me por ora. Dissesse o que dissesse, cuspisse o que cuspisse, não obteria qualquer gratificação - talvez só mesmo o inverso.

"it's not war, it's just the end of love."

http://www.youtube.com/watch?v=Jz2gvAApY2A&feature=player_embedded