O dia nascera ainda era de noite. Não seja de estranhar, no nosso plano geográfico assim é sempre. Foquemos, porém, outros cuidados que não este. Germinava novo dia, sol cortinado pela noite. O Óscar, senhor mocho de carvão parido, contemplava no corredor, olho inevitavelmente arregalado. Do alto do chão, onde tem poiso e altar, percebia as movimentações inquietas polvilhadas, a condimento, por um frenesim a meio que encoberto. Sabido, este recente nascituro que alcançava o significado de tal circunstância; restava-lhe ainda, à circunstância, devida pompa. De pajem se passa a cavaleiro, assim ditam os olhos que também assim querem olhar. Montava garupa buscando pela essence de femme; perfume de mulher, traduzindo com eloquência mais que merecida: por ela, mulher princesa, do que pela essência construída mesmo que adequada. Encontrou igualmente o nosso cavaleiro correspondência dedicada àquele ser que amava com pureza acima de qualquer outro semelhante: aliás, aí residia, sabemo-lo, o segredo desse ente, a unicidade de ser único; única.
Às primeiras badaladas dos primeiros minutos do ano XXI reencontrou-se com a sua musa, com aquele especimen tão adorado; exclusivo, dissemo-lo. Sussurrou-lhe palavras doces que se viam legitimadas pelos gestos meigos que as acompanhavam, em sintonia harmoniosa de coisas e pessoas que se complementam; que crescem na incessante procura de, juntas, se completarem. Os homens dão um nome a este sentimento, encontram formas de o endeusar por ser seiva que escorre dos próprios deuses. Momentos que gotejavam felicidade ao mesmo ritmo que pálpebras pestanejam, dança idílica maravilhosamente semelhante ao cintilar dos astros que desta maneira trocam, em dádiva, as suas cumplicidades. E o cavaleiro é prendado por sorriso que faria corar de inveja aqueles que a lua tece, pela ternura que acalenta uma alma como a fogueira preenche com o seu calor os mais destemidos que se lançam à aventura ao largo de espaços abertos do desconhecido.
Abraçados, amavam-se e disso tinham consciência. As suas preces ao alto destinavam-se a agradecer essa divina oferenda que o cosmos a eles havia montado em magistral esquisso. O escuro do dia era para durar, restavam horas até que a aurora despontasse. Num leito ninho, mais alto que aqueles das aves de rapina das montanhas, não menos distinto que os do monte Olimpo, alimentavam a sua fábula vivida no real. Encostavam cabeças com ternura, enroscavam pernas e braços como se, ávidos, de dois quisessem que apenas um único ser, roçando a perfeição que tão negada é ao mundo empírico, resultasse em fusão dos seus esforços realizados sem esforço. Também a noite do dia os abraçou, num sono profundo e descansado, sabendo-se ali um com o outro.
Quem diz que as estórias são estórias, fábulas inconcretizáveis no mundo real dos adultos?
Às primeiras badaladas dos primeiros minutos do ano XXI reencontrou-se com a sua musa, com aquele especimen tão adorado; exclusivo, dissemo-lo. Sussurrou-lhe palavras doces que se viam legitimadas pelos gestos meigos que as acompanhavam, em sintonia harmoniosa de coisas e pessoas que se complementam; que crescem na incessante procura de, juntas, se completarem. Os homens dão um nome a este sentimento, encontram formas de o endeusar por ser seiva que escorre dos próprios deuses. Momentos que gotejavam felicidade ao mesmo ritmo que pálpebras pestanejam, dança idílica maravilhosamente semelhante ao cintilar dos astros que desta maneira trocam, em dádiva, as suas cumplicidades. E o cavaleiro é prendado por sorriso que faria corar de inveja aqueles que a lua tece, pela ternura que acalenta uma alma como a fogueira preenche com o seu calor os mais destemidos que se lançam à aventura ao largo de espaços abertos do desconhecido.
Abraçados, amavam-se e disso tinham consciência. As suas preces ao alto destinavam-se a agradecer essa divina oferenda que o cosmos a eles havia montado em magistral esquisso. O escuro do dia era para durar, restavam horas até que a aurora despontasse. Num leito ninho, mais alto que aqueles das aves de rapina das montanhas, não menos distinto que os do monte Olimpo, alimentavam a sua fábula vivida no real. Encostavam cabeças com ternura, enroscavam pernas e braços como se, ávidos, de dois quisessem que apenas um único ser, roçando a perfeição que tão negada é ao mundo empírico, resultasse em fusão dos seus esforços realizados sem esforço. Também a noite do dia os abraçou, num sono profundo e descansado, sabendo-se ali um com o outro.
Quem diz que as estórias são estórias, fábulas inconcretizáveis no mundo real dos adultos?
“Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar
Chegado da guerra, fiz tudo p'ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p'ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim
Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim”
'Encosta-te a Mim', Jorge Palma
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar
Chegado da guerra, fiz tudo p'ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p'ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim
Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim”
'Encosta-te a Mim', Jorge Palma
Poxa... tá tão bonito que eu nem vou dizer nada pra não estragar =)
ResponderEliminarbacana mesmo
E ás vezes é tudo o que necessitamos, um pouco de paz, um pouco de amor e carinho. o resto... logo se há-de resolver.
ResponderEliminarHá vezes em que não se diz nada, outras que em que só estragamos, outras ainda que resolvemos...
ResponderEliminarMas há vezes em que o prioritário é viver, 'apenas' viver...
;)