quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Paste me!

É cada vez mais comum deparar-me com um relativamente novo fenómeno quando me passeio pela blogosfera. De facto é um mundo que nunca pára, em constantes alternâncias, pautada pela novidade e rápidas mudanças particularmente ao nível de conteúdos que vão surgindo em catadupa, numa sucessão virtualmente interminável. Por alguma razão nos chamam a gente da sociedade em rede, sociedade ou era da informação.

Todavia, a este não o encaro com bons olhos. Não por qualquer censura moral idiossincrática, antes por estrangular a originalidade e virtuoso individualismo/ multipluralismo que em regra é o constitutivo, que lhes determinava essa tal singularidade, do post publicado/ a publicar. Deve-se, esse estrangulamento da iniciativa individual, a qualquer coisa que denomino por fenómeno assente na predominância do copy/ paste.

O que me leva a questionar, sem qualquer ingenuidade de permeio, mas será que já (quase) ninguém escreve na blogosfera? Identifique-se, então, o fenómeno copy/ paste: You Tube; fácil para todos, para o menino e para a menina – auspicioso, o reclame.

Claro, cada um faz o que entende. E por entende leia-se o que quer. Realmente eu cá também só publico (devendo ler-se escrevo) o que me dá na ‘real’ gana.

Não deixa porém de se sentir um certo vazio, uma apurada insipidez difícil de ser apreciada, ao contemplar o rol de acumuladas publicações apresentando o início de um vídeo dotado de um símbolo e instrumento de visualização centrado em ‘play’ na (ainda) estática imagem. O vinco pessoal que matiza as publicações, nas suas mais diversas e variadas temáticas, é substituído por uma construção a prioristica que pouco – nada! – deve à estética das criações que diluem a sua especificidade na massificação; a blogosfera renega a sua identidade, logo as suas raízes de princípio (e causa?), numa serialização que me faz recordar e remeter para o século passado em que o standard parecia ser a lógica a seguir e, mais, a imperar. Percebo, e disso faço igualmente uso, que a imagem e uma doseada porção de ‘plágio’ consagrem, esclareçam e ajudem na compreensão e complemento de um post que expõe uma ideia, seja essa ideia qual for. Agora este fenómeno que mais é de substituição que de complemento ao post ‘personalizado’ levanta-me algum agravo. Um dos mais livres e abertos espaços de criação é castrado. E é-o pelos seus próprios autores/ editores. Pessoalmente lamento-o…

Longe de ser um juízo de facto, este post que redijo é mais enquadrável no juízo de valor. Termino-o portanto, uma vez que a minha opinião é mais uma entre largos milhares que doutro molde se podem permitir opinar. Menos ainda me cabe a tarefa do juízo como julgamento, insistindo que esta publicação, ao menos originalmente redigida, não ultrapassa o parco limite do juízo de valor; ou de opinião, como preferem determinados comunicadores para fazer valer como conceito e que, por motivos que extrapolam a presente publicação, não subscrevo – já que o considero assim erroneamente aplicado, tanto quanto desenquadrado do seu sentido específico; pois que conceito ultrapassa em bastante a mera qualidade substantiva ou adjectiva com que tem vindo a ser corriqueiramente, e mal, empregue e imposta.

Eu cá, teimoso. Escusar-me-ei a aderir. Mas se querem (quase) todos ser iguais na indiferença… que o sejam. Ultrapassa-me. You Tube copiado e colado, aqui não. Admitindo o complemento, em toda a humildade que me é devida, não admitirei a substituição pura do conteúdo singular, ou com maior exactidão, mais ou menos singular. Dixit. Porque não gosto de ver uma blogosfera ‘calada’. Um ‘Brave New World’, à Aldous Huxley, não fará aqui cruzada. Para estar ‘calado’, delete blog? yes – click.


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"A perfeição elimina o acontecimento - é esse o seu crime, o de desencadear a reprodução, a obediência a uma necessidade. Como é óbvio, não se trata de um crime assinalável, apenas os seus efeitos o são."

Silvina Rodrigues Lopes, in prefácio a 'O Crime Perfeito', Jean Baudrillard

domingo, 15 de outubro de 2006

Ele

Porque não pode ser errante...


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harmonie tranquille, kandinsky


"Amor errante, por onde anda
Há tanto tempo, amor errante
Sinto o teu vento, sempre distante
Sem um lamento

Sem parar nem pensar
Ao partir e voltar
Para sempre hás-de errar
Onde o vento soprar

Amor distante, por quem eu espero
Contando o tempo de cada instante
Para sempre hás-de errar
Onde o vento soprar

Amor errante, por quem demoras
Há tanto tempo, amor distante
Eu conto as horas, amor errante
Ainda há tempo para voltar

Meu amor tão distante
Onde te leva o vento
Meu amor tão distante
Volto e volto ao tempo
"

'Amor Errante', Diva


...mas constante, em harmonia.

sábado, 7 de outubro de 2006

Assinalado

- Esqueceste-te…
- Achas mesmo que sim?



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"And as the hands would turn with time
She'd always say that she was mine
She'd turn and lend a smile,
To say that she's gone.
But in a whisper she'd arrive
And dance into my life.
Like a music melody,
Like a lovers song.

Oh tonight, you killed me with your smile.
So beautiful and wild, so beautiful.
Oh tonight, you killed me with your smile.
So beautiful and wild, so beautiful and wild.
"

'Tonight', Reamonn