terça-feira, 27 de outubro de 2009

On a highway to hell...

... ainda que encerrado em quatro paredes. Recordo-me dos asilos e das penitenciárias de antanho. A diferença, porém, é que ao pensar da minha mente ninguém pode erguer barreiras. Só aí sou absolutamente livre. E, tal como um puto mal-educado, faço o que quero e o que me apetece a meu bel-prazer. Quem sabe se este não é um caminho que pode conduzir directa e firmemente ao inferno, num instante de piscar de olhos.

"Living easy, living free
Season ticket on a one-way ride
Asking nothing, leave me be
Taking everything in my stride
Don't need reason, dont need rhyme
Ain't nothing I would rather do
Going down, party time
My friends are gonna be there too

I'm on the highway to hell

No stop signs, speed limit
Nobody's gonna slow me down
Like a wheel, gonna spin it
Nobody's gonna mess me round
Hey satan, payed my dues
Playing in a rocking band
Hey momma, look at me
Im on my way to the promised land

I'm on the highway to hell
(don't stop me)

And I'm going down, all the way down
I'm on the highway to hell
"

'Highway to Hell', AC/DC

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Just live to tell...

Amanhã discuto, talvez decidindo inclusivamente, uma parcela relevante da minha vida. Não que trema como varas verdes, contudo a apreensão é elevada. Só duas pessoas. Espero que uma terceira não esteja presente. Duas pessoas que de comum só um rótulo. Uma sabe muito mais do que a outra. Por experiência e por dedicação. Por deformação da própria prática profissional, por uma inteligência aguda e acutilante - enfim, o suficiente para me fazer sentir um jumento cerebral; particularmente quando ombreamos pelos trilhos do estado da arte, que é o da nossa; bastaria ter redigido arte, estado da já se torna redundante numa espiral que...
Junto à praia, é aí que a vou encontrar. Sinto, premonitoriamente, o suor a gotejar pela testa rumo ao restante rosto, encharcando-o como uma porção de terra então enlameada. Não levo discurso pré-concebido nem ideias suficientemente estruturadas. Tendo em conta perante quem, vou às escuras. Por outro lado, não consigo igualmente conceber de que forma se apresentará essa pessoa, sei apenas que muito mais à vontade.
Tudo o que consigo imaginar é uma mesa de café, não sei se antes ou depois de uma caminhada instrutiva, educativa, demonstrativa, sedutora e convidativa à análise empiraca; ou pode ser que essa pretensa caminhada nem nunca tenha lugar; fiquemos pela mesa de café sem extrapolar mais (ainda...). Contenho o nervoso miúdo para alumiar o raio do cigarro, quase que mais tenso que eu. Do outro lado não se esboçarão nuvens de fumo, uma parvoíce - isso de fumar, escuto no silêncio da minha mente ditosa e expedita em configurar cenários imaginários. O mar bem perto. Bem mais perto já esteve o Verão. Porém é ainda amena a temperatura, por vezes pregando-nos rasteiras que nos levam no engodo que nos reconduz ilusoriamente à estação veraneante. Será por aqui o trabalho a realizar, se a realizar. Sabemos bem disso, os dois. Ou pelo menos eu, aquela mente fulgurante pode ter entrevisto, não me espantaria, outros, novos cenários, para a realização do trabalho se, de facto, a realizar. Suponho que a vontade aponta para realizar, e de forma convicta exerce esse seu sentido. O fumo agora bamboleia, subindo rumo ao astro-rei, para lá do céu e da nossa pequenez. Com os pulmões carregados, hei-de tossir em queixume desse órgão auto-flagelado. A conversa, mais informal que outras em conjunto conversadas, já deverá ter tido o seu início. Assim se explica o cigarro aceso, defesa inconsciente ou do inconsciente provinda, acto que com toda a gesticulação própria a fumador permite criar manobra de diversão face ao real. Porém, decerto, pouco foi ainda dito ou, então, acabámos de penetrar assunto adentro, naquilo que de facto nos conduzira a esse peculiar encontro. Porém, tudo isto são congeminações. Congeminações não de uma mente delirante, mas de um alguém que relembra situações algo semelhantes; pelo que não faz futurologia, antecipa-o pelas suas práticas reiteradas do passado: uma mente que entrevê o futuro a expensas de uma construção da realidade.
Já me basta a ansiedade, característa dos neuróticos, causada por um breve desvelar do que irá acontecer. Não aprofundarei a conversa que ainda não teve lugar, pese embora pudesse indagar com um relativo grau de certeza sobre algumas temáticas e conceitos. De certo que nos deixaremos ir às nossas vidas com um adeus e um sorriso cordial. Se pelo menos pudesse garantir da minha parte que esse sorriso cordial expressaria sentimento verdadeiro e não hipocrisia escamoteada...
Seja lá como for que a resenha se esquisse, sairei garantidamente com mais certezas e menos dúvidas. Ainda que as dúvidas sejam promovidas pela angústia de quem não pode prosseguir... todavia, a situação inversa é igualmente provável; e mais que provável, possível. Indubitavelmente, sobreviverei. Resta saber se para contar... Resta saber se daqui sairei com um pouco menos de mim, amputado na alma, ou se ao invés terei estrutura para fazer crescer e cumular o meu próprio amor-próprio, passando a redundância. Seja como for, viverei para contar. Para contar como afinal Golias espezinhou David ou para contar como ficaram amigos e caminharam caminhos, aqui e ali, paralelos. Viverei para contar. Já chega.







"I have a tale to tell
Sometimes it gets so hard to hide it well
I was not ready for the fall
Too blind to see the writing on the wall

Chorus:
A man can tell a thousand lies
I've learned my lesson well
Hope I live to tell
The secret I have learned, 'till then
It will burn inside of me

I know where beauty lives
I've seen it once, I know the warm she gives
The light that you could never see
It shines inside, you can't take that from me

(chorus)
2nd Chorus:
The truth is never far behind
You kept it hidden well
If I live to tell
The secret I knew then
Will I ever have the chance again

If I ran away, I'd never have the strength
To go very far
How could they hear the beating of my heart
Will it grow cold
The secret that I hide, will I grow old
How would they hear
When would they learn
How would they know

(chorus)
(2nd chorus)
"

'Live and Tell', Madonna

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Quarenta e?

E quatro. Quarenta e quatro. Não, não me esqueci. Quarenta e quatro aninhos, como tu carinhosamente os denominas. E eu, de rosto encostado no teu ombro, fecho os olhos e sorrio placidamente.
Quarenta e quatro. São tempos que trazem de tudo, do mais extraordinário ao mais decepcionante dos acontecimentos de uma vida de todos os dias que partilhámos, partilhamos e, certamente, partilharemos. Claro que é muito mais fácil lidar com o extraordinário, que aqui ancoro numa acepção daquilo que comummente caracterizam como o acontecimento agradável, feliz, por vezes imaculado. Há também momentos de alguma neutralidade, e com isto não digo indiferença, com os quais é igualmente fácil de lidar. Depois, por fim, tudo aquilo que se deseja não vir a ter existência, mas a inevitabilidade da vida de todos os dias trá-lo consigo: obviamente, refiro-me à decepção, ao desagradável e ingrato, ao que é mau. A decepção, ao contrário dos demais, não é fácil, nada fácil e muitas vezes penoso de lidar com. Porque quanto maior é o sentimento de proximidade, mais duras se fazem sentir as faltas que cometemos, pois mais não seja é tudo menos isso que aguardamos do ente querido. Mas acontece, nessa inevitabilidade de ocorrências sequenciais e múltiplas da vida quotidiana. Todos nos podem decepcionar, contudo o ferro que verdadeiramente magoa é sempre aquele que, abrasivo, nos é apenso pelos que mais gostamos; para os outros podemos inclusivamente ser indiferentes, demonstrando-lhes que não importam tal como se poderiam querer insinuar. O ente querido importa. Pois que por isso a mais ténue das desilusões é dotada da capacidade de nos fazer sentir aferroados. Dói.
Creio que os entes queridos vivem no seu mundo e só depois no mundo de todos. E esquece-se, amiúde, que somos humanos. É difícil lembrarmo-nos de tal circunstância quando os entes queridos colocam o seu mundo numa esfera superior, numa esfera que, ainda que profana, se considera próxima do plano divino. Mas somos homens e mulheres. Todos nós. E erramos. E erramos outra vez. E outra. Então, a partir daí, remanescem tão somente duas lógicas, dois caminhos distinto, duas soluções, dois trajectos. Dependerão eles, sem dúvida, da força do elo que une os entes sobre os quais temos vindo a discursar. Se for frágil, então a ruptura surgirá num ponto ou momento mais ou menos adiante. Se for forte, então sofrerão, quiçá mesmo mais, mas terão coração suficiente para perdoar, para rectificar, para projectar reformas futuras que evitem o dilaceramento causado pela mágoa e angústia da desilusão.
Não sou fiel a predicados deterministas. Não há escolhas pré-estabelecidas. Há sim o livre arbítrio, a vontade de uns e outros. E essa vontade pode ser conduzida para que se navegue na mesma direcção ou, no extremo do seu oposto, que navegue para mares distintos. A primeira hipótese implica a decisão uníssona por parte das duas entidades, à segunda basta que um delas rompa com o estabelecido. É bem mais fácil navegar sozinho, porém muito menos gratificante já que o vazio se instala como companhia exclusa. Enquanto eu for eu e a demência não me transtornar ao ponto de me perder de mim, navegarei por opção e gosto o traçado mais difícil. Entenda-se: difícil. Porém, incomparavelmente superior em virtude, e porque não enormidade?, de um sentimento de realização que, justamente por ser o que é, se manifesta tanto no indivíduo como no colectivo que é o de duas vidas em engrenagem solidária. Parece difícil. Pode ser. Acredito que seja. Mas, tretas à parte, vale a pena. Só assim se vive; em solidão, está-se. A diferença é abissal. Muito mais que abissal.
Há quarenta e quatro aninhos escolhemos, e assim enveredámos, o nós. Conhecemos as experiências do extraordinário, do mais ou menos neutro, da decepção. Hoje estou radiante por isso. E radiante é dizer pouco, muito pouco. Nesta vida de nós entrelaçados fica a esperança de que a decepção surja rara. Nesta vida de nós entrelaçados fica a esperança de que o extraordinário brinde vitória. Nesta vida de nós entrelaçados fica a esperança que o mais ou menos neutro aconteça em serena felicidade. Há por aí uma estrelinha muito especial…

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sangue quê?

Fui, sou e sempre serei replubicano convicto. É das poucas coisas que, de antemão tenho firme certeza, me acompanhará até ao fim dos meus dias.