domingo, 1 de abril de 2007

Quando não é peta

Primeiro de Abril. Alguns, muitos, por tradição, são apegos à graçola, à mentira em tom de patranha que o costume cristalizou no correr dos tempos. Outros, talvez em menor número, vincam-se à verdade, afirmando-a como algo supremo – ‘boas razões’, diria quem conheço por leituras e por elas somente.

Sem a peta, coisa que ressoa com o título. Sem a peta, sim; e sim, porque sim: escuso-me a explicações por, contornos seus, tão escusadas serem. O primeiro de Abril de há alguns anos terá sido certamente um dia radioso, pleno daquele estado solarengo que tão poucas vezes surge a exibir-se: ainda que, sem paradoxo, não houvesse raiado um único raio de Sol; mas certamente que solarengo, de Sol firme e disposto por convicções que só a ele e a mais ninguém, ou quase, respeitam. O primeiro de Abril de há alguns anos foi certamente de Lua cheia, aberta numa áurea inexprimível pelos sentidos; assim se terá iniciado o dia, mesmo pouco antecedendo a que se improvisassem as suas duas primeiras badaladas: ainda que, sem paradoxo, não houvesse Lua visível ao olhar humano – mas havia-a assim e muito mais para a vida.

É raro, e algo desconcertante quem sabe, exaltar desta maneira um dia. Mas, sem paradoxo, porque não: porque não fazê-lo? Exaltar o que é sublime não é crime nem pecado – nem lei nem divindade por ordem alguma se aprouveriam em sancionar tal façanha; se me questionarem porquê, retorquirei breve porque sim… porque sim.
Se nada é perfeito, e menos ainda o mundo que todos nós vivenciamos quotidianamente, inquestionável é que este se torna melhor pela graça das graças que, escassas mas irreprimíveis, se gera; gera… gerando em parto consumado. E daí até que as estrelas, em pozinho cósmico, se decidam a enredar todo o tecido de uma história, de histórias de vida… bem, isso é segredo delas; e com elas permanecerá – sabendo que, apesar desse pudico segredo, também nós vamos sabendo… sabendo vivendo, acrescentaria eu.

Certo é, sabemo-lo, que a memória tende a ser curta. Porém, afirmando em locução de asserção inabalável, cá vou estando; cá vou estando nesta afirmação que diz em peremptória exclamação ‘não esqueci!’.

É a vida… Gosto dela. Sim, se um duque e uma oitava conseguem compor sublime sinfonia…



"In a garden in the house of love, sitting lonely on a plastic chair
The sun is cruel when he hides away, I need a sister - I'll just stay
A little girl, a little guy - in a little church or in a school
Little Jesus are you watching me, I'm so young - just eighteen
She, she, she, she Shine On
Shine On
Shine On
In a garden in a house of love, there's nothing real just a coat of arms
I'm not the pleasure that I used to be - so young - just eighteen
She, she, she, she Shine On
Shine On
Shine On
I don't know why I dream this way
The sky is purple and things are right every day
I don't know, it's just this world's so far away
But I won't fight, and I won't hate
Well not today
In a garden in the house of love
Sitting lonely on a plastic chair
The sun is cruel when he hides away
Shine On...
Shine On
Shine On
....and on...and on...
Shine
Shine On
Shine
Shine
Shine
"

'Shine On', Apoptygma Berzerk (or. House of Love)

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