Final de Agosto em Turim. Lazer e trabalho. Nos tempos que correm é amiúde mais ajuizado juntar ambos. Ainda falta, demora; até lá.
Escuso-me a questionar-te se vais. Era bom, era mau. Há quanto ando a evitar um clash profissional? Receio-o por mim, por ti, por nós? Por tudo isso. Porque somos implacáveis, ambos, quando imersos na nossa subcultura do métier. Coadunaríamos as distintas esferas, a pública e a privada, com a devida eloquência? Creio que só o fizemos uma vez; não ficou qualquer vontade para um remake. Se fores... se fores, é bem ignaro sustentá-lo mas enfim, talvez por esta vez fosse mais prudente cada um no seu hotel, no seu quarto, suprimindo quanto possível o encontro. Repartíamos Torino em quartieri previamente balizados: uma para mim, outra Torino para ti; a intersecção profissional seria espaço-tempo e território neutros. Quero-nos paralelos. Temo que se cairmos na fácil tentação destes momentos para a competição... destruímo-nos, não saberíamos parar e somos feitos de uma argamassa excessivamente inflexível e arrogante nalguns domínios muito próprios. Fracos, feios, impiedosos porque não sabemos perder; já soube, todavia não há armistício que possa garantir: sabes, cogito em desabafo, as pessoas mudam. Mudam e permanecem mais iguais, mais fieis a elas próprias. Noutras calendas silenciar-me-ia com um sorriso a vincar o rosto e deixava-te mais às tuas hostilidades afundar a minha frota; ou que assim o julgasses, fosse como fosse - porém, não é mais assim. Mudamos. E firmamo-nos mais iguais. Não vás...