sábado, 22 de agosto de 2009

Rendez-Vous avec Lisbonne

Cheguei ontem. Hoje já estive num aniversário. As férias terminaram num ápice. De volta ao espaço urbano e ao seu estudo; não só, obviamente. Agora, antes de mais, há algumas burocracias que carecem de conclusão célere. Depois o trabalho, em duas frentes distintas mas sem perder de vista o objectivo principal, virá reclamar mais do meu tempo. Muito mais. Espero conseguir conciliá-las sem demasiada fricção, a essas duas frentes. O cronómetro foi (re)accionado e o tempo não espera, nem por mim nem por ninguém; provavelmente, nem por ele próprio.
Abracei Lisboa, ou ela a mim, confiando-lhe que por si me iria mantendo, andando a viver o meu quotidiano; e o de outros. É sempre bom rever esta cidade simultaneamente serena e caótica; entrópica, diria. Está em paz comigo; ou eu com ela.




"Mas é precisamente disso que eu preciso, doutor. Pressão. Se relaxasse agora, acabaria desfeito em cacos. Voaria numa centena de direcções difrerentes, e nunca mais seria capaz de me recompor."

'O Livro das Ilusões', Paul Auster

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vacances, enfin

É hora de deixar a vida urbana em paz, ou pelo menos o estudo da mesma. Sem ralações, sem preocupações pendentes ou de última hora. O cansaço assomou há muito. Também ele, como eu, carece de digno descanso das fadigas quotidianas. É precisamente essa a intenção, romper com os passos mais ou menos previsíveis de uma rotina encafuada no quotidiano do costume. Mais tarde será, sem dúvida, retomado esse viver do dia-a-dia do qual, por inverso que pareça, não desdenho com rancor selvagem.
Assim ainda hoje abalarei para outras terras, rumo a paragens mais distantes. Levo pasta dos dentes e calções de banho. Não levo um terror exacerbado à gripe A ou H1N1, como preferirem chamar ao bicho-vírus que alarma mundo e meio. Levo de igual maneira o que mais gosto, ou o contrário, irrelevante saber por que ordem: se é que a há. Os afectos na algibeira do coração nunca são esquecidos, sendo que só uma parte deles ficará em standby nas lusas terras; ainda assim, vão no pensamento. Mais sorte têm os restantes que cumulam pensar e estar, numa comunhão baptizada por estrelinhas, pozinhos cósmicos mágicos e lua com todas as suas fases.
Escreveria até já, porém ficar-me-ia a soar a publicidade gratuita a uma operadora telefónica; até as coisas mais simples são mercantilizáveis, pelo que todo o tento na língua, neste caso na ponta dos dedos, é pouco. Porém, vou feliz e mais feliz espero retornar. Então, até ao meu regresso. Divirtam-se.



"Giant steps are what you take
walking on the moon
I hope my legs don't break
walking on the moon

we could walk forever
walking on the moon
we could live together
walking on, walking on the moon

Walking back from you house
walking on the moon
walking back from you house
walking on the moon

feet they hardly touch the ground
walking on the moon
my feet don't hardly make no sound
walking on, walking on the moon

Some may say
I'm wishing my days away
no way
and if it's the price I pay
some say
tomorrow's another day
you stay
I may as well pay

Giant steps are what you take
walking on the moon
I hope my legs don't break
walking on the moon
we could walk forever
walking on the moon

we could live together
walking on, walking on the moon
Some may say
I'm wishing my days away
no way
and if it's the price I pay
some say
tomorrow's another day
you stay
I may as well pay
Keep it up, keep it up
"

'Walking on the Moon', Police

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

3 e ½

Podíamos medir a distância de duas formas. A primeira dizia que contava mais de cem quilómetros. A outra corria à velocidade do pensamento, em nano-segundos. Afinal longe ou perto, ali mesmo ao lado? A segunda hipótese será portadora de maior credibilidade. O que que de mais terno guardamos em nós anula a contabilidade espaço-tempo. É coisa única. Chegou para ficar sem descontinuidades nem descontínuos. Gatos que ronronam gratificados pelo subliminar. Pode ser cego mas nada tem de ignorante, antes o inverso. Amor.

©



"Love is blindness
I don't want to see
Won't you wrap the night
Around me
Take my heart
Love is blindness

In a parked car
In a crowded street
You see your love
Made complete
Thread is ripping
The knot is slipping
Love is blindness

Love is clockworks
And cold steel
Fingers too numb to feel
Squeeze the handle
Blow out the candle
Love is blindness

Love is blindness
I don't want to see
Won't you wrap the night
Around me
Oh my love
Blindness

A little death
Without mourning
No call
And no warning
Baby... a dangerous idea
That almost make sense

Love is drowning
In a deep well
All the secrets
And no one to tell
Take the money
Honey
Blindness
"

'Love is Blindness', U2

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O sabor...

...amargo dos triglicéridos elevados.

"te puedes vender,
cualquier oferta es buena
si quieres poder
qué fácil es,
abrir tanto la boca para opinar
y si te piensas echar atrás
tienes muchas huellas que borrar

déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer
si yo no tengo la culpa de verte caer

pierdes la fe,
cualquier esperanza es vana
y no sé qué creer;
pepepepepero olvídame que nadie te ha llamado
y ya estás otra vez

déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer
si yo no tengo la culpa de ver que...

entre dos tierras estás
y no dejas aire que respirar
entre dos tierras estás
y no dejas aire que respirar

déjalo ya,
no seas membrillo y
permite pasar
y si no piensas echar atrás
tienes mucho barro que tragar
déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer
si yo no tengo la culpa de ver que...

entre dos tierras estás
y no dejas aire que respirar
entre dos tierras estás
y no dejas aire que respirar

déjame, que yo no tengo la culpa de verte caer
si yo no tengo la culpa de ver que...

entre dos tierras estás
y no dejas aire que respirar
entre dos tierras estás
y no dejas aire que respirar"

'Entre Dos Tierras', Héroes Del Silencio

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cohen

Já quase deixava passar em branco este espectáculo. Mais de duas horas a ouvir a voz de um artista que é um senhor. Fantástico pelas músicas oferecidas, fantástico pelas mensagens que nas pausas endossava ao público. Um senhor.



Começou assim:

"Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Oh let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
"

'Dance Me To The End Of Love', Leonard Cohen

É só fumaça (?)

Sonhos. Todos os temos. Só alguns se concretizam. Alguns podem, inclusive, ser antagónicos. Não compatíveis, excluindo-se portanto mutuamente. Outras vezes pode ser apenas difícil fazê-los caminhar conjuntamente, porém com a possíbilidade de realização de ambos. Só descobrimos a sua tipologia quando os factos se estacarem à nossa frente, cristalinos. Desvenda-se então se o trilho se esgaça, estilhaçando a hipótese cumulativa, ou se os anjos zelam por nós desvelando um percurso paralelo, ou seja, com atributos de simultaneidade.
Se bem que saiba, sem hesitar, por qual sonho optaria no caso de. Nem por isso deixa de ser menos pesaroso ver abalar o outro, não deixa de ser menos pesaroso que o passado, algum passado, se fragmente em pequenos e quase infinitos nadas conjugados com o vazio do seu - sonho - futuro. Contudo, firmemente, sem hesitar. No caso de.

parte de capa à 21.ª edição de 'Vigiar e Punir', Michel Foucault



"(...) another notable German thinker, Jürgen Habermas, writing at the time when the society of producers was nearing the end of its days and so benefiting from the added advantage of hindsight, presented the 'commodization of capital and labour' as the major function, indeed the raison d'être, of the capitalist state (...): that is, culminate in buying and selling transactions."

'Consuming Life', Zygmunt Bauman (p. 7)