terça-feira, 31 de maio de 2011

Proto-Percursos

Um(a) gajo(a) às vezes não sabe o que anda cá a fazer. Há que descobrir. O sentido pode estar velado, mas não implica que seja absolutamente impossível descortiná-lo.


"Ainda lembro o que passou
Eu, você, em qualquer lugar
Dizendo:
«Aonde você for eu vou»
Oh! Oh!...
E quando eu perguntei
Ouvi você dizer
Que eu era tudo
O que você sempre quis
Mesmo triste eu tava feliz
E acabei acreditando
Em ilusões...
Eu nem pensava em ter
Que esquecer você
Agora vem você dizer:
«Amor, eu errei com você
E só assim pude entender
Que o grande mal que eu fiz
Foi a mim mesmo»...
Uh! Uh! Uh!...
Vem você dizer:
«Amor, eu não pude evitar»
E eu te dizendo:
«Liga o som, uh! uh! uh!
E apaga a luz»
Uh! Uh! Uh! Uh!...
Ainda lembro o que passou
Eu, você, em qualquer lugar
Dizendo:
«Aonde você for eu vou»
Oh! Oh!...
E quando eu perguntei
Ouvi você dizer
Que eu era tudo
O que você sempre quis
Mesmo triste eu tava feliz
E acabei acreditando
Em ilusões...
Eu nem pensava em ter
Que esquecer você
Agora vem você dizer:
«Amor, eu errei com você
E só assim pude entender
Que o grande mal que eu fiz
Foi a mim mesmo»
Uh! Uh! Uh! Uh!...
Vem você dizer:
«Amor, eu não pude evitar»
E eu te dizendo:
«Liga o som, uh! uh! uh!
E apaga a luz»
Uh! Uh! Uh!...
Ainda lembro o que passou
Ainda lembro como era bom
Ainda lembro inda lembro
Ainda lembro, inda lembro
Oh! Oh! Oh! Oh!
Ainda lembro..."
'Ainda Lembro', Marisa Monte

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Num destes dias

O pôr-se do astro solene visto da baía de Cascais é música solene, interpretada no interior de cada um conforme a sua batuta. O mar escama-se e muda de cores, quase que à escolha da vontade de cada ser único. A brisa suave e amena, despertada como que a propósito de um momento tanto instantâneo como infinito.
Os derradeiros raios de Sol tocam a superfície do rosto, das mãos, despedem-se prometendo sempre o amanhã. Olho-o de frente mas mesmo na sua luminosidade tardia obriga os olhos a brilhar e a cerrarem-se, ainda que providos com os inevitáveis óculos de sol que escondem essas janelas.
Sentado no chão de pernas cruzadas volto a olhá-lo por mais uma vez. Ergo-me. Começo a caminhar, vou-me. Entretanto, estipulo com ele num pacto secreto: se vieres amanhã, também eu voltarei a subir os olhos para ti com um sorriso, por ti, aquecido.


"Só hoje senti
Que o rumo a seguir
Levava pra longe
Senti que este chão
Já não tinha espaço
Pra tudo o que foge
Não sei o motivo pra ir
Só sei que não posso ficar
Não sei o que vem a seguir
Mas quero procurar

E hoje deixei
De tentar erguer
Os planos de sempre
Aqueles que são
Pra outro amanhã
Que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Um pouco de céu

Só hoje esperei
Já sem desespero
Que a noite caísse
Nenhuma palavra
Foi hoje diferente
Do que já se disse
E há qualquer coisa a nascer
Bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer
Qualquer outro fim

Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Um pouco de céu"

'Um Pouco de Céu', Mafalda Veiga

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gentes de (especial) relevo

É óptimo constatar que continuam a existir grandes mulheres no nosso país; mesmo quando têm pimenta na língua.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mioleira

Vão quase doze. Como é que quatorze horas por dia não são o suficiente para terminar um trabalho? Definitivamente, devo ter que fazer o download de um modelo nórdico para o meu cérebro; excepto o Islandês, dispenso a falência técnica dos meus amados neurónios.

PS: Relembrar jamais concorrer a um Pos-Doc.

sábado, 21 de maio de 2011

Os filhos da cidade

Onde ando eu, que não me consigo encontrar? Perdido algures na pele de alcatrão e cimento desta cidade que tanto amo, Lisboa. Talvez ande às voltas, desenhando círculos e regressando sempre com a mesma inevitabilidade ao lugar donde partira. Que faço? Nas entranhas do meu carro vejo outros tantos semelhantes; vejo gentes com olhos vítreos a arrastarem-se pelos passeios que marginam as estradas e, pontualmente aqui e ali, observo nos olhos de um estranho o emanar da felicidade – são os únicos que se distinguem verdadeiramente do resto da manada e que têm uma aparência humana completa e que vivem ao invés de se limitarem a existir. Ainda no carro, com a testa a querer suar pela temperatura quente que se faz sentir, reviro-o com os olhos: o volante já gasto, estofos queimados por beatas que não atirei pela janela com sucesso, três ou quatro garrafas de plástico ainda com alguma água na barriga, uma radiografia tirada faz muito atirada para os bancos de trás e papéis, vários papéis imprestáveis, fazem de tapete a pés que ali queiram assentar; o banco do lado, o banco ao meu lado, vazio. Nem os fantasmas lá vivem, partiram e deixaram-me só. Nem suspiro, volto a colocar os olhos na estrada, olhos cujos únicos estímulos são o negro do tapete da estrada, o plástico do pára-choques dos outros, luzes que piscam e luzes que se mantêm firme e teimosamente acesas; os meus olhos estão perdidos, notam todos estes estímulos mas a verdade é que não estão lá, como também não estão em sítio algum: estão como eu. 

Outros estímulos que arrepiam o meu corpo são os sonoros. Do interior do automóvel é o auto-rádio que fala e canta, só não dança, desde que dou à ignição até rodar a chave em sentido inverso. Poucas vezes me dou ao trabalho de colocar um cd, pelo que deixo às estações da rádio o ditar daquilo que me irá penetrar pelos ouvidos. Uma vez por outra há uma melodia que me eriça os pêlos e, por breves instantes, volto a estar onde todos estamos. Já sou quase que inteiramente indiferente aos ruídos dos tipos que adoram ter a mão na buzina, entra por um lado e sai ainda mais depressa pelo outro; por vezes dou por mim a encolher os ombros, mais raramente com vontade de explicar a um ou uma condutora que o meu carro não é primo do Pégasus e que por isso não tenho asas que me façam voar – mas quase sempre permanece o silêncio, cansa-me o simples facto de ter de comunicar com alguém principalmente quando esse alguém, autista, não está disposto a escutar. Então, volto a fechar-me em mim mesmo, na minha redoma em moldes de cidadela, e volto a fugir da realidade. Posso nada fazer em relação ao meu corpo, todavia a minha mente transporta-se para outros lugares que até de mim são desconhecidos – voa para longe, para outros tempos talvez… 
Dou comigo sentado numa esplanada de praia. Afinal era mesmo para aqui que eu queria vir; ou que me constranjo a vir no cumprimento de obrigações estabelecidas. Há qualquer coisa no mar que me sossega, apazigua-me o ser, embala-me como se eu fosse pequenino. Olho-o sem que me canse. Se a indumentária que cobre o corpo fosse outra sem dúvida que iria sem parar um instante para pensar até junto dele, caminhando por onde a areia está molhada do salivar oceânico. Por vezes tenho que me conter para não arregaçar as calças, quase sempre de ganga, para não desabotoar a camisa até ao seu derradeiro botão, para não tirar os ténis ou uns sapatos de vela, para não ir sentir o mar acariciar-me as ferraduras também sem meias, desnudadas e ávidas por serem tocadas; até aos tornozelos, porque não, deixaria que o sal arrepanhasse os meus pêlos até à vinda de nova vaga de água fria – e repeti-lo-ia mil vezes ou mais. Contemplaria, então, com o sol a coser-me a pele desnudada, a linha do horizonte onde o mar parece querer beijar o céu antes de com ele se enrolar na maior das volúpias, deixando-me confuso por não mais conseguir distinguir qual é qual – confuso, sim; todavia, profundamente sereno; e sentir que, afinal, a vida é boa de se viver.


"Well... you didn't wake up this morning
Because you didn't go to bed
You were watching the whites of your eyes
Turn red
The calendar, on your wall, is ticking the days off
The calendar on your wall is ticking
the days off
You've been reading some old letters
You smile and think how much you've changed
All the money in the world
Couldn't bring back those days.
You pull back the curtains, and the sun burns into your eyes,
You watch a plane flying across a clear blue sky.
This is the day - Your life will surely change.
This is the day - Your life will surely change.
You could've done anything - if you'd wanted
And all your friends and family think that you're lucky.
But the side of you they'll never see
Is when you're left alone with the memories
That hold your life together like
Glue
"

'This Is The Day', The The

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Metaforicamente...

Aceito inscrições.


"Vows are spoken
to be broken"

'Enjoy the Silence', Depeche Mode

terça-feira, 17 de maio de 2011

Rocambolesco

Exausto de tentar perceber o que querem que eu seja quando eu próprio pareço não bastar.


"Wow, I’m sick of doubt
Live in the light of certain
South
Cruel bindings.
The servants have the power
Dog-men and their mean women
Pulling poor blankets over
Our sailors


I’m sick of dour faces
Staring at me from the tv
Tower, I want roses in
My garden bower; dig?
Royal babies, rubies
Must now replace aborted
Strangers in the mud
These mutants, blood-meal
For the plant that’s plowed.


They are waiting to take us into
The severed garden
Do you know how pale and wanton thrillful
Comes death on a strange hour
Unannounced, unplanned for
Like a scaring over-friendly guest you’ve
Brought to bed
Death makes angels of us all
And gives us wings
Where we had shoulders
Smooth as raven’s
Claws


No more money, no more fancy dress
This other kingdom seems by far the best
Until it’s other jaw reveals incest
And loose obedience to a vegetable law.


I will not go
Prefer a feast of friends
To the giant family."

'The Severed Garden', The Doors

Niilismo (?)

- Quem és tu?
- Talvez só Zaratustra o saiba; mas avanço desde já não ser o seu super-homem.

"I took a walk around the world to 
Ease my troubled mind 
I left my body laying somewhere 
In the sands of time 
I watched the world float to the dark 
Side of the moon 
I feel there is nothing I can do, yeah 

I watched the world float to the 
Dark side of the moon 
After all I knew it had to be something 
To do with you 
I really don't mind what happens now and then 
As long as you'll be my friend at the end 

If I go crazy then will you still 
Call me Superman 
If I'm alive and well, will you be 
There holding my hand 
I'll keep you by my side with 
My superhuman might 
Kryptonite 

You called me strong, you called me weak 
But still your secrets I will keep 
You took for granted all the times I 
Never let you down 
You stumbled in and bumped your head, if 
Not for me then you would be dead 
I picked you up and put you back 
On solid ground 

If I go crazy then will you still 
Call me Superman 
If I'm alive and well will you be 
There holding my hand 
I'll keep you by my side with my 
Superhuman might 
Kryptonite"


'Kryptonite', 3 Doors Down

domingo, 15 de maio de 2011

Mensagem

Em cinco anos se vivem e experenciam cinco mil. Sem duvidar.

Sem mais palavras, as palavras do Palma.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Nesta cama me deito

Recolho cedo ao vale dos lençóis. O cansaço, não só físico mas especialmente o mental, acomente-me o corpo. Hoje nem uns espartanos minutos dedicarei à leitura de cabeceira. Precisava de nascer outra vez.
Sweet dreams...


the kite, 1926, marc chagall